
Por Adriano Salgado • 15 de junho de 2022
Nesta quarta-feira (14), docentes de todo o país se uniram a estudantes, técnicos e técnicas, e demais categorias de servidores e servidoras no ato “Ocupa Brasília”, na capital federal. Mais uma vez, manifestantes foram às ruas contra os cortes na Educação, contra a privatização das estatais e em defesa dos serviços públicos. O protesto reuniu cerca de 5 mil pessoas.
A concentração do ato aconteceu em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados. As caravanas de estudantes que chegavam cantavam palavras de ordem como “Tira a tesoura da mão e investe na educação”, “se você paga, não deveria. Educação não é mercadoria”, “Não vai ter corte, vai ter luta”, entre tantas outras que exaltavam a unidade entre estudantes e trabalhadores e trabalhadoras na luta em defesa da educação, dos serviços públicos e pelo “Fora Bolsonaro”. Seções Sindicais do ANDES-SN de diversas Instituições Federais de Ensino enviaram representantes.
Diversas representações de movimentos estudantis e sindicais fizeram uso da palavra na concentração, enquanto, dentro do Congresso Nacional, ocorria uma audiência pública no auditório Nereu Ramos, com o tema “Retrocessos Econômicos, Sociais e Ambientais do Governo Federal”.
Audiência pública
Milton Pinheiro, presidente em exercício ANDES-SN, representou a entidade na audiência e falou da miséria, desemprego e fome que a população brasileira, em especial aqueles e aquelas que moram nas periferias, negros e negras, vem sofrendo. “As pessoas mais vulneráveis de nosso país estão sendo atacadas de maneira nunca antes vista na nossa história recente”, afirmou.
Pinheiro destacou ainda a luta em defesa da Educação Pública, das empresas estatais e da soberania nacional, e das pautas defendidas no ato que ocorria em frente à Câmara. Ressaltou que as entidades da educação apresentaram uma pauta unificada ao Ministério da Educação (MEC), e destacou alguns pontos de reivindicação, como o reajuste salarial de 19,99%, que é o mínimo de recomposição da inflação dos três anos de governo Bolsonaro, a revogação da EC 95 – Teto dos Gastos -, e a recomposição do orçamento da Educação Federal brasileira.
“Muitas das nossas universidades não chegarão a setembro, do ponto de vista do seu funcionamento, em virtude das atitudes criminosas do governo Bolsonaro e seus apoiadores no Congresso Nacional. Além disso, precisamos nos preocupar com o acesso e permanência dos estudantes, em especial dos cotistas que, diante desses cortes, são aqueles que serão mais atingidos por esse sistema de ataques à educação e ao povo brasileiro”, ressaltou.
O presidente do ANDES-SN em exercício exigiu justiça por Bruno Pereira, indigenista, e Dom Phillips, jornalista, ambos desaparecidos na Amazônia desde 5 de junho. “Essa violência representa o elemento central da destruição da natureza no Brasil, do coronelismo, da prática neofacista pelo interior do Brasil, em especial na Amazônia, pelo uso exacerbado das questões da mineração, do ataque aos povos indígenas e quilombolas, do ataque aos interesses públicos e aos recursos naturais do nosso país”, acrescentou. Assista aqui a audiência.
Ao passar pelo MEC, manifestantes fizeram barulho e cobraram, ao microfone e com palavras de ordem, resposta à pauta de reivindicações e o agendamento urgente de reunião com as entidades.
O “Ocupa Brasília” terminou com um ato político-cultural em frente ao Teatro Nacional, próximo à rodoviária da capital, com apresentação do rapper GOG e do grupo de Maracatu de Brasília.
“Nossa avaliação é de que foi um ato muito importante. Só de caravanas de estudantes de todo o Brasil foram cerca de mil pessoas. E se somaram ainda professores, professoras, técnicas e técnicos-administrativos, além de servidores e servidoras de outras categorias. É uma retomada de um movimento maior de massas muito importante, especialmente nesse momento em que as universidades estão sucateadas, com corte de orçamento, que a assistência estudantil está dilapidada e que muitas instituições estão sem restaurante universitário. Nós protocolamos uma pauta unificada no MEC e estamos exigindo audiência. E esse movimento hoje vai impulsionar a luta e pressionar para que sejamos recebidos”, avaliou Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN.