Por Adriano Salgado • 2 de março de 2018
As entidades representativas da UFLA passaram a atuar de forma conjunta na luta pela garantias de direitos constitucionais, em oposição às contrarreformas propostas pelo Governo Temer e em defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade. A Comissão Unificada de Mobilização (ComUM) reúne lideranças da ADUFLA Seção Sindical, SindUFLA, DCE e APG em torno de uma pauta comum às categorias de docentes, técnicos-administrativos e estudantes da gradução e da pós-graduação. A iniciativa ganhou força após a greve de novembro de 2016 contra PEC dos gastos, que limitou os investimentos da União pelos próximos 20 anos. “Naquela greve foi formada uma Comissão Unificada de Greve, já que não era um movimento de categoria, por salário ou carreira, mas em defesa dos investimentos em Educação. Porém, na avaliação final, identificamos que a integração das ações ficou a desejar, que seria preciso trabalhar de forma contínua, e não apenas na hora da crise. Além disso, identificamos que muitas das questões eram comuns às categorias, tanto internamente quanto em relação à conjuntura geral, e que era o momento de se construir alternativas à greve como ferramenta principal de luta através de um movimento unificado e permanente”, explica a professora Giovana Torres, diretora de mobilização da ADUFLA, que aponta a Reforma da Previdência como a maior preocupação dos servidores, pois encerra uma série de retirada de direitos iniciada em 2003, além do congelamento de salário, a impossibilidade de reforma da carreira, a precarização das condições de trabalho e a ameaça de privatização das universidades.
Para Tobias Rodrigues da Silva, do SindUFLA, a ação conjunta é uma forma de reafirmar a identidade das categorias que compõem a universidade, sem se esquecer dos terceirizados, que são extremamente importantes para o funcionamento da instituição. “A comissão estabelece uma cumplicidade entre as categorias, uma apoiando a outra numa pauta comum e ao mesmo tempo tendo conhecimento de questões específicas de cada uma, facilitando o diálogo entre as entidades”, afirma Tobias,
Em relação às demandas urgentes dos técnicos-administrativos, Tobias aponta a luta contra a perda de direitos com a reforma trabalhista, a terceirização e a reforma da previdência, que geram um retrocesso incalculável aos trabalhadores. Além disso, ele demonstra preocupação com a extinção de cargos no serviço público, muitos deles que fazem parte do plano de carreira dos técnicos, algo que foi conquistado à duras penas.
Em relação à pauta interna, ele cobra a implementação do acordo assinado com a direção da UFLA em 2016 e que ainda não saiu do papel, em especial quanto à maior transparência nas reuniões dos Conselhos Universitários.
Já para os estudantes da pós-graduação, de acordo com Simone Reis, a preocupação é com redução de vagas na pós-graduação, o corte de bolsas e a precarização da infraestrutura decorrentes da PEC dos gastos, o que deve impactar no fomento à pesquisa. “A mobilização conjunta das entidades é fundamental para que a gente consiga mobilizar a partir de pautas que são comuns, como por exemplo, o financiamento da educação pública de qualidade no país, e isso passa necessariamente pelo financiamento à pesquisa e extensão, pois é na pós -graduação que se inicia a produção científica no Brasil. Por isso a importância da comissão na articulação dessa pauta comum para reunir mais força no sentido de resistência às reformas desse governo atual”, destacou Simone.
Na base da formação profissional, o estudante Paulo Felletti Júnior, do DCE, demonstra preocupação em relação ao mercado de trabalho, oferta do emprego formal e aposentadoria. “O que mais aflige quem hoje está na graduação é a retirada de direitos, como, por exemplo, na reforma trabalhista, que diminui as oportunidades e precariza o emprego. Com a reforma da previdência, vamos ter mais dificuldades para aposentar. Por isso essa tendência pelo empreendedorismo para fugir dessa dificuldades de formalização do emprego. Diferente das gerações anteriores” argumenta o estudante, que acredita na comissão unificada como forma de conscientização dos estudantes em torno da luta pelos direitos. “Muitos tem uma visão deturpada da comissão, eles têm medo de greve, só pensam nos prejuízos no calendário e esquecem dos ganhos. A grande mobilização de 2016 serviu para estimular os estudantes à terem uma participação maior nas mobilizações, e a comissão ajuda neste processo”.