Por Adriano Salgado • 15 de outubro de 2015
A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Lavras por meio do Comando Local de Greve, vem a público informar que, em Assembleia Geral, realizada às 14h00min do dia 8 de outubro, os professores da Universidade Federal de Lavras decidiram por encerrar o movimento grevista de forma unificada com as instituições federais de ensino, conforme haviam indicado em Assembleia anterior.
A greve docente iniciou-se em 10 de julho passado, respondendo a um movimento nacional dos docentes federais liderado pelo seu Sindicato Nacional, o Andes. O movimento grevista iniciou em diversas instituições federais de ensino no dia 28 de maio, sendo que na UFLA os docentes preferiram reduzir os impactos da greve aos estudantes e entraram após a conclusão do primeiro semestre letivo de 2015.
Depois de perdas salariais ocorridas no período de 2012 a 2015, as reivindicações de nossa categoria eram por reposição salarial de 27%, associado à reestruturação da carreira docente e contra os cortes de financiamento promovidos nas universidades pelo ajuste fiscal do governo. Passados mais de um mês do protocolo de nossa pauta, o Governo nos respondeu com a inaceitável proposta de 21,7% de reajuste (de 2015 a 2018), parcelados em quatro anos, além de reajustes irrisórios em penduricalhos no contra-cheque, tais como auxílios transporte e alimentação.
Em meio ao movimento grevista, o governo aprofundou ainda mais os ataques à universidade pública, quando apresentou o pacotaço de medidas de austeridade, que retira recursos das universidades afetando gravemente suas atividades de pesquisa, ensino e extensão, através de cortes em programas de financiamento da pós-graduação, do ensino a distância, de bolsas, além das verbas para custeio e investimentos em obras.
Depois de longo processo de pressão das bases o que envolveu vários estudos, discussões, ações locais e firme posição junto ao Comando Nacional de Greve em Brasília, e uma ação conjunta com os outros servidores federais, o governo apresentou outra proposta, limitando a reposição das perdas com a inflação em 2015 e 2016 a 5,5% a partir de agosto de 2016 e 5% a partir de janeiro de 2017. Sobre a reestruturação da carreira o governo propôs a formação de uma mesa de negociação que sempre foi a saída do governo para tentar nos confundir.
Os professores da UFLA analisaram a proposta governamental e decidiram encaminhar ao Comando Nacional de Greve a seguinte mensagem: proposta de saída unificada da greve, recomendando ao Andes – Sindicato Nacional que apenas deveria assinar acordo com o governo se ele se comprometesse a: a) efetivar o Grupo de Trabalho Carreira com garantia de que esse GT tenha poderes de fato e que se acorde um calendário de reuniões; b) garantia de realização de concursos para professores e técnicos; c) garantia de não contratação de docentes via Organizações Sociais (OS).
Durante as assembleias, os docentes da UFLA também elencaram uma pauta de reivindicações que foi apresentada à Administração da Universidade que tratava de aspectos como a excessiva burocratização das atividades, descentralização da gestão, judicialização das demandas, infraestrutura do campus e infraestrutura de apoio ao ensino. Esta pauta, que tem caráter permanente e dinâmico, está em discussão com a reitoria da UFLA.
Sobre o desenvolvimento de nossa greve e de nossa decisão de retomada das aulas, ressaltamos que a proposta do governo não atende minimamente nossas reivindicações, mas que sentimos o desgaste causado por 90 dias de greve, apesar da justeza de nossas reivindicações. Preferimos acumular forças para próximos embates que se anunciam e essa avaliação parte da constatação de uma realidade agressiva por parte do governo e dos grupos privados aos interesses dos docentes federais e da construção de uma universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.
A universidade que temos hoje, com tantas dificuldades, mas que ainda desfruta de reconhecimento é resultado da luta empreendida, por muitos anos, em conjunto, por docentes, técnicos e estudantes, tendo como base a demanda do povo brasileiro expressa na Constituição Federal.
A Universidade que teremos no futuro dependerá do que fizermos hoje!
Lavras, 8 de outubro de 2015.
Comando Local de Greve Adufla – Seção Sindical