Por Adriano Salgado • 6 de junho de 2024
Docentes, técnicos/as-administrativos/as e estudantes participaram na tarde de ontem, 3/6, de uma assembleia de greve unificada, no Anfiteatro do DCH, na mesma data da reunião agendada entre representantes do ANDES-SN, Sinasefe e governo, no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em Brasília.
Após os informes iniciais, por representantes das categorias de docentes, técnicos/as e estudantes, sobre o momento da greve e os desdobramentos das últimas ações do movimento, mobilizações em Brasília e resultado da mesa de negociação do dia 27/5, em especial sobre a intransigência do governo em reabrir as negociações e a assinatura do pseudo acordo com a Proifes, foi aberta a palavra para um debate que se estendeu por mais de duas horas.
Os reflexos sobre a negativa do governo em reabrir as negociações foi tema recorrente nas falas, em especial sobre as consequências políticas da postura do Governo Lula em relação às reivindicações de Servidores Públicos de uma maneira geral, e, especificamente, em relação às demandas da categoria docente e da própria universidade pública, algo classificado como “um tiro no pé”, expressão usada pelo próprio Feijóo, secretário de relações de trabalho do MGI, na reunião de 27/5 com Andes e Sinasefe.
Pontualmente, foram levantadas também questões sobre a proposta dita final do governo, que prevê reajuste zero para 2024 e índices diferenciados distribuídos pelos níveis da carreira em 2025 e 2026, provocando distorções na carreira; e sobre a importância da recomposição do orçamento das universidades aos níveis de 2016, período em que os recursos das IFES chegaram ao seu nível máximo nas ultimas décadas; entre outras questões.
A assinatura do acordo com a Proifes também foi tema recorrente em diversas falas, sobretudo pela falta de legitimidade da ação assumida por representantes do governo que resultou, inclusive, em decisão contrária ao acordo por parte da 3ª Vara da Justiça Federal de Sergipe. Essa ação decorre de orientação do Jurídico do ANDES-SN para que as próprias Seções Sindicais entrassem com ações contra a representatividade e contra o acordo assinado com a Proifes.
Ainda sobre a Proifes, foi destacado que a entidade não possui carta sindical para representar a categoria, e vem perdendo força dentro de suas próprias bases que se mobilizam para retorno ao ANDES-SN, como casos já concretizados na UFC e na UFSCar.
A presidente da ADUFLA, professora Jacqueline Alves, que esteve como delegada da ADUFLA no Comando Nacional de Greve em Brasília na semana passada, afirmou que entre os encaminhamentos para a sequência do movimento, está a atuação junto aos parlamentares, em especial entre aqueles e aquelas que se alinham à ala progressista do espectro político nacional, como forma de pressão para que o Governo Lula reveja a postura diante das reivindicações de Servidores Públicos Federais e da própria universidade pública. E que isso seja feito também de forma local junto a representantes recentemente empossados na universidade.
Atualizações de Brasília
Ao final da assembleia unificada, as/os participantes passaram a acompanhar o resultado da reunião em Brasília, por meio da live do Sinasefe, que trouxe depoimentos em tempo real daqueles que participaram das discussões no MGI.
Após cerca de duas horas ocupando uma sala do prédio do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), representantes dos Comandos Nacionais de Greve (CNGs) e das diretorias do ANDES-SN e do Sinasefe garantiram uma nova agenda de negociações para a próxima semana.
Dia 11, técnicas e técnicos administrativos em educação serão recebidos no MEC e, no dia 14, a reunião será com as docentes e os docentes. Na visão da direção do ANDES-SN, apesar da frustração pelo pouco resultado prático da reunião deste segunda-feira (3/6), a greve da Educação Federal segue forte e demonstra, mais uma vez, que só a luta poderá mudar os rumos das negociações em busca de resultados que efetivamente atendam a categoria.