Por Adriano Salgado • 25 de julho de 2019
“Se não nos mobilizarmos agora, não teremos universidade pública para o futuro do país”, disse a docente da UFF e diretora do Andes-SN durante a manifestação pública contra o “Future-se” na capital federal.
“Future-se” é o nome do programa de reestruturação do financiamento do ensino superior público lançado pelo Ministério da Educação, em Brasília, no dia 17 de julho. Enquanto a proposta era apresentada aos reitores no prédio do Inep, ocorriam protestos do movimento sindical e estudantil nas ruas contra o plano que, no entendimento dos manifestantes, estimula a privatização da Educação Pública e fragiliza a autonomia universitária.
O programa do governo Bolsonaro permite que as Universidades e Institutos Federais recorram a empresas para obter recursos para sobreviver à política de contingenciamento de verbas aprofundada pelo próprio governo federal e que tem ameaçado o funcionamento do ensino, pesquisa e extensão públicas.
O plano prevê comodato ou cessão dos prédios e lotes; criação de fundos patrimoniais e doações de empresas privadas para financiamento de pesquisas, contratos de gestão compartilhada; vender nomes de campi e edifícios a bancos e seguradoras, por exemplo, como acontecem com os estádios de futebol. O ministro afirmou que alunos não terão de pagar mensalidade, independentemente da faixa de renda. Disse que o “Future-se” será submetido pelo MEC à uma consulta pública na internet no prazo de 30 dias.
O teor do “Future-se” indignou, mas não surpreendeu o movimento sindical. Isso porque o atual ministro Abraham Weintraub tem longo histórico de atuação no mercado financeiro e já admitiu ser favorável às parcerias público-privadas. Em entrevista recente, ele chegou a afirmar que “autonomia universitária não é soberania”.
Para Eblin Farage, secretária-geral do Andes-SN e docente da UFF, o governo quer subordinar a produção do conhecimento aos interesses dos empresários. “Se não nos mobilizarmos agora, não teremos universidade pública para o futuro do país”, disse a docente durante a manifestação pública contra o “Future-se” na capital federal.
Ela participa, juntamente com docentes de outras universidades, da Comissão de Mobilização criada no âmbito do Sindicato Nacional e no contexto do 64º Conad (Brasília, 11 a 14 de Julho) para lutar contra o ‘Future-se” e o que ele representa no atual cenário de retirada de direitos e retrocesso em relação a conquistas históricas. “O governo apresenta um projeto que desconsidera toda a luta que foi feita no país, por educação de qualidade, laica e pública”, complementou Eblin.
Fonte: ADUFF