Por Adriano Salgado • 3 de maio de 2018
Na terça-feira, 1º de maio, milhões de trabalhadores em todo o mundo saíram às ruas para comemorar o Dia Internacional do Trabalhador e lutar contra o avanço da política neoliberal que desregulamenta o trabalho e retira direitos dos trabalhadores.
No Brasil, as centrais sindicais e movimentos sociais realizaram atos em separado e o foco das manifestações foi a crítica às medidas que retiram direitos trabalhistas e sociais, como a reforma Trabalhista, a Lei das Terceirizações, que atacam a CLT, pela revogação da Emenda Constitucional (EC 95), que congela os gastos sociais por 20 anos, as prisões arbitrárias – entre elas, a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sila -, a intervenção militar no Rio de Janeiro e pela identificação e punição dos responsáveis pela morte da Marielle Franco e Anderson, executados em março.
Cláudio Ribeiro, 2º vice-presidente da Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN, ressalta que o Sindicato Nacional segue atuando para construir a unidade na luta contra a retirada de direitos e contra o recrudescimento do conservadorismo no país. “O Primeiro de Maio foi mais um passo na busca pela unidade e na tentativa de retomar o patamar de mobilização da classe trabalhadora brasileira do ano passado”, afirma. O docente lembra que há um ano, em 28 de abril de 2017, os trabalhadores brasileiros realizaram uma grande Greve Geral contra a retirada de direitos.
Algumas manifestações pelo país
Em São Paulo (SP), os atos reuniram milhares de pessoas. A capital paulista amanheceu no dia do trabalhador com uma tragédia urbana: o incêndio e o desabamento de um prédio da ocupação do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM) no Largo do Paissandu, centro da cidade.
No Rio de Janeiro, os docentes realizaram ato em unidade com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na Ocupação 6 de abril em Niterói. A ocupação teve início no mês passado diante da falta de avanço nas negociações com a Prefeitura de Niterói que promete a construção de casas para os desabrigados do deslizamento de terra no Morro do Bumba, em 2010.
Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, ocorreu ato no Altar da Pátria, à tarde, revogação da contrarreforma Trabalhista, da EC 95 (congelamento dos investimentos em saúde e educação), da Lei das Terceirizações, e contra a reforma da Previdência.
No Ceará, os docentes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) participaram do ato realizado, em frente ao Ginásio da Parangaba, em Fortaleza, na terça no Dia Internacional do Trabalhador pelo Fora Temer, e Nenhum direito a menos.
Na Bahia, os docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) dialogaram com os trabalhadores de Vitória da Conquista sobre o 1º de maio e a luta por direitos. A panfletagem foi realizada de tarde na Praça Nove de Novembro e no Terminal Lauro de Freitas.
Lutas internacionais
Recentemente, os trabalhadores nicaraguenses lutaram e derrotaram a reforma da Previdência do presidente Daniel Ortega, que, entre outras medidas, reduzia as aposentadorias em 5% e aumentava as contribuições. Na França, milhares de franceses participaram das manifestações no dia 1º de maio contra a redução de direitos e ataques à aposentadoria. Na Argentina, os trabalhadores também protagonizam grandes mobilizações.
Origem da data
Em Chicago, no norte dos Estados Unidos, 340 mil trabalhadores entraram em greve, no ano de 1886, contra as condições desumanas de trabalho e em defesa da jornada de trabalho de 8 horas semanais. Uma forte repressão policial matou seis grevistas e deixou feridos outros cinquenta. Três anos depois, uma reunião da Segunda Internacional, na capital francesa Paris, decidiu homenagear a luta dos trabalhadores estadunidenses, transformando o dia 1º de maio em Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores. Em 1920, os bolcheviques incluíram a data ao calendário oficial de feriados da União Soviética, medida logo seguida por outros países.
No Brasil, os primeiros relatos de mobilizações populares no Dia do Trabalhador remontam ao ano de 1906, no Rio de Janeiro, pouco depois da realização do I Congresso Operário com inspirações anarquistas.