Por Adriano Salgado • 9 de março de 2016
Manifesto de Fundação do Fórum Permanente de Combate aos Assédios na Universidade Federal de Lavras
Ainda que a Universidade Pública seja um espaço de fundamental importância para a garantia dos valores democráticos sabemos que em seu cotidiano persistem relações autoritárias e opressoras manifestas em diversas formas de assédio, notadamente o moral e o sexual.
O assédio moral pode ser definido como a exposição repetitiva e prolongada de trabalhadoras e trabalhadores, educandas e educandos às situações humilhantes, degradantes e constrangedoras durante o exercício de suas respectivas funções, sejam elas educativas ou laborais. Esta forma de assédio ocorre sobretudo a partir de relações hierárquicas, autoritárias e assimétricas, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho ou estudo.
Por sua vez, o assédio sexual é o ato de constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, por parte daqueles e daquelas em condição hierarquicamente superior. Tal atitude pode manifestar-se clara ou sutilmente; podendo ser falada ou apenas insinuada; escrita ou explicitada em gestos, sinais, sugestões ou ameaças, expressando-se como coação ou chantagem.
Sabemos que estas manifestações se encontram arraigadas e naturalizadas em uma cultura autoritária, patrimonialista e herdeira do patriarcado, que urge ser definitivamente superada.
Em defesa de relações sociais igualitárias e libertárias, nos comprometemos a não medir esforços para combater em nosso meio o assédio em todas as suas manifestações. Nos erguemos em defesa daquelas e daqueles que sob quaisquer pretextos, motivos ou ocasiões encontram-se no seio de nossa universidade na condição de vítimas de violência e opressão, seja de gênero, de cor, de etnia ou de credo; de condição social, política ou econômica.
Saudamos a luta daquelas e daqueles que há muito se dedicam à construção de uma sociedade igualitária, justa e libertária. Saudamos as profissionais e os profissionais da educação, as educandas e os educandos, e todas aquelas e todos aqueles que se sacrificam no dia-a-dia pela educação pública, gratuita e de qualidade; laica e socialmente referenciada. Saudamos as funcionárias terceirizadas e os funcionários terceirizados, incansáveis trabalhadoras e trabalhadores, maiores vítimas da precarização das relações de trabalho.
Reunidos nesse 8 de março de 2016, Dia Internacional da Mulher, no Salão de Convenções da Universidade Federal de Lavras, manifestamos a fundação do Fórum Permanente de Combate aos Assédios na Universidade Federal de Lavras.
Assinam este manifesto: Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativos das Instituições Federais de Ensino de Lavras – Sind-UFLA; Associação dos Docentes da UFLA –ADUFLA; Associação dos Pós-Graduandos – APG; Diretório Central dos Estudantes – DCE; Coletivo Mulheres da UFLA; Levante Popular da Juventude.